A arte de Anais-karenin desafia a ideologia das sociedades ditas 'desenvolvidas', o pensamento dicotômico do Ocidente e a busca racionalista pelo progresso, industrialização e ímpeto capitalista implacável que caracteriza a 'Era do Antropoceno'; isto é: a era do impacto humano significativo na geologia da Terra, ecossistemas e outras formas de vida não humanas - em grande parte impulsionadas pelo interesse financeiro e ganância por lucro. 

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Atualmente, artistas de todo o mundo estão negociando suas práticas com Cosmovisions provenientes de epistemologias não-ocidentais, e Anais-karenin é uma delas. She  se define como artista (des)visual e pesquisadora. Ela trabalha a partir de especulações em torno da inexistência da dualidade da natureza ao propor uma visão simbiótica entre ações e materiais orgânicos e artificiais. Trabalhando nas fronteiras entre os seres cientificamente classificados como animados e inanimados, ela aponta para uma discussão sobre o que é ou não é vida, o que tem ou não tem espírito.

Ela justapõe estudos transculturais, animismo, mitologias, narrativas e ciência, expressando crítica e holisticamente as camadas simbólicas e coloniais em torno da relação com a natureza. Por meio de instalações, esculturas, objetos, sons, vídeos e performances, a artista trabalha com equilíbrio, relacionalidade, descontrole e efemeridade em suas obras como forma de invocar as camadas invisíveis (não visuais) da existência.

Ela pesquisou metodologias tradicionais com ervas medicinais por 9 anos, inspirada nas cosmovisões de seus ancestrais do Sertão" (uma área rural seca no nordeste do Brasil), e por Karenin, o gato ao qual Anais se afiliou em sua busca pela abdicar de sua forma humana, dessas relações interespécies surgem as principais questões que orientam o trabalho de Anais-karenin.

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Anais-karenin está concluindo seu doutorado em Poéticas Visuais na USP em São Paulo, Brasil, e é Visiting Research Fellow na Waseda University no Japão. Ela teve três exposições individuais na Galeria Urandana (2021), na High Pop Gallery (2021) e no OMISE Space (2017) em Tóquio. Em 2021, ela também estreou trabalhos na Semana de Arte de Berlim e deve exibir trabalhos na Galeria Improper Walls, em Viena. Ela é uma palestrante ativa, que ministrou workshops e palestras de artistas em prestigiadas instituições brasileiras como o MAC Niterói e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, bem como internacionalmente. Seu currículo possui um histórico impressionante de pesquisas, residências, publicações, bolsas e bolsas. Além disso, é Diretora do BIOLILOLAB - Bioart nos Trópicos .

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Por Kalinca Costa Söderlund & Anais-karenin